Desistência ilusória


A garganta trava. Uma lágrima escorre da face triste que ela carregava naquele dia. Ele não sente mais o que sentia uns meses atrás e ela sabia disso. Mesmo sabendo, tenta, chora, corre, vai atrás, liga, sonha... se ilude com poucas palavras que, para ela, eram o suficiente. A partir daquele dia, ela desistiu de tentar. Desistiu de se esconder atrás daquela máscara de pessoa feliz. Desistiu de querer fazer ele ser uma pessoa melhor. Desistiu de lutar sozinha. Enfim, desistiu da vida dele. Sua tristeza era tão profunda que lhe doía o coração; ela não pensava em mais nada, só queria a paz que ele levara quando o conheceu. Se ver livre da dor era o que mais apertava. Desistir depois de ter chegado tão longe era a solução? Talvez não isso. Mas desistir dele seria o fim da preocupação e o início da tristeza incessante. Pois ela tinha certeza que ninguém mais poderia fazê-la sorrir daquele jeito que só ele sabia. Infelizmente. – O telefone toca. “Alô...”, “Oi amor, estava pensando em você.” – Essas seis palavras foram o suficiente para ela esquecer a liberdade que tanto queria e voltar a se iludir com falsas promessas. Mesmo sabendo que tudo aquilo seria mais uma vez mentira, quem sabe um dia, ela entenderia.

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