Escrevo,
escrevo, apago. Volto escrever. Paro, penso em mil coisas, que
incrivelmente são indescritíveis. Eu ainda tento escrever sobre o que sinto,
mas continuo estática em minhas palavras rasteiras. Passou tanto tempo e eu
ainda tento te descrever, como se alguma tradução fosse o suficiente para
tamanho apego e tanta contradição. Talvez você seja aquilo que da a cor e o tom
das coisas lá fora, ou seja apenas o branco e preto de um dia nublado. Existem
algumas partes isoladas que não fazem mais sentido, que ficam a procura de
inconstantes respostas, mas não adianta. Parece muito e tudo sobra. Até aquele
desejo enorme de te ter agora transborda, pois não há melhor definição. É que
só assim me sinto mais perto do meu espaço ai dentro de você. O que eu não gostaria
é que você ficasse pensando que tudo isso não passa de exageros, porque tudo
que eu mais queria era conseguir te fazer sentir como eu me sinto quando penso
em você, já ficaria satisfeita assim. É como se eu não soubesse lidar com a
ideia da tua ausência, é tua falta entrando sem pedir licença. É quando as
letras não cabem mais aqui, quando a saudade bate, quando a parte do seu
encaixe em mim aumenta. Não é o vazio, porque eu sei que você está bem aí, ou
logo alí. Mas é quando eu procuro palavras que combinem contigo, comigo; com a
gente. Às vezes as acho, outras vezes não. Porque a “vontade” parece tão pouca,
e só para não ficar mais banal, é quando não estou perto de você. Escrevo,
apago, escrevo de novo, e... Droga! Queria que você tivesse como ler o que tem
aqui dentro sem que eu precisasse dizer uma palavra ou mudar minha forma de
sorrir. Queria que tivesse como você entrar no meu coração e ver o que
realmente tem la dentro, talvez daí você teria certeza que se ele ainda bate, é
porque você continua aqui. Isso não seria impossível, acredito que o
“impossível” ainda continua sendo só uma questão de prefixo. E é desse jeito
que permaneço: em um enorme amontoado de excessos que paira entre meus vagos
pensamentos. Talvez seja mesmo; tudo exagero.
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